Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sonhos

Proposital é o sonho
Remexer tronco cravado
Não dimensiona estragos
Naqueles que muito amaram
Seus amores sepultaram
Extenuado a esperança
Desespero em lembranças
Um tempo já concretado

Forte tranco da lambança
Tranqueira desprevenida
Sangrou enorme ferida
Aquela causou em mim
Pesadelo ela assim
Linda bela seu olhar
Amava uma doçura
Era eu o seu amar

Que coisa mais esquisita
Raiva, medo e perdão
Procurei estender a mão
Solicitava ajuda
Pensei somente assim
Ter esta mulher abraços
Como negar o meu braço
Meu amor algoz de mim.

Sabia algo errado
Saudade já me cobrava
Sonho que me maneava
Aprisionando o livre
Carregar mesmo que triste
O desejo renascido
Amor morto escondido
Ressuscita da saudade

Amamos muito na vida
Sonhando em ser feliz
Loucuras de aprendiz
Açúcar goiaba sonho
Transformar ser enfadonho
Profunda sabedoria.
Perder-se desta guria
Certeza do próprio fim.

Acordar sonho encanto
Confuso o pesadelo
Cabeça igual  cincerro
Vai e vem desta memória
Sem sentido esta história
Sete palmos é trapaça
Não ir enterro na praça
Ninguém sepulta desejos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Soga não quis mais nós,
cinchava reza com ventos,
desdenhando a própria fibra 
desfiou-se só no tempo.
Luxurias no Campo

Troteando no lusco fusco
Cascos moldam pedregulhos
Magia em ver fagulhas
Misturando alguns perfumes
Tarde véu de vaga lumes
Os campos já descansando
Lindas chinocas esperando
Amores que se assumem

Meu destino neste pago
Amar sou ser finito
Já fui um taura aflito
Perdido torto a direito
Hoje levo do meu jeito
Amores que me consomem
Feliz e matando a fome
Com jujos do infinito

Apeei já orvalhado
Candeeiro embriagava
As meninas angustiadas
Desejando  altivez  
Barbaresca rigides
Crespa e Lisa na encilha
Roseteando alazão
Gemendo tudo outra vez

A noite foi de ardências
Velas se desmanchando
Entrevero adoçando
Toda rude maciez
Pelegos mel camponês
Amores em exaustão
Todos um só coração
Relva lua e os três

Choramingo era previsto
Vertem olhos na partida
Café com leite enfeitiça
Pães que diabas amassaram
As doçuras do estuário
Promessas voltar semana
Coreado por duas prendas
Saúde ao peão ordinário


Piuí Piuí Piuí

Maria fumaça passa
Fumegando sem parar
Carregando em suas andanças
Amores pra lá e pra cá
Sonhos adormecidos
Dormentes vão divagar
Aqueles que só vagando
Se encontram em algum lugar

Vai trenzinho fantasia
Disfarçar a solidão
Tu que vagas neste mundo
Levando sonhos em vão
Não esqueça de parar
Deixe magoas na estrada
Abasteça suas águas
Na estação de algum amar.

Faltando algo na linha
Não de importância ao vão
Qualquer dia eu te trago
Um recado da ilusão
Maria e sua fumaça
Cozinhando em fogão
Talvez um dia coloque
Nos trilhos meu coração.