Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Roça
Caçarolas alumiadas
Pinhas pelos caminhos
Pinhão assado na chapa
Menina e seus carinhos.
.
Paieiro rolo enrolado
Fumo capiná sertão
Tardinha sair da roça
Caipira tem a razão.
.
Agora tudo esmero
Amamos o nosso chão
Todos em casa juntinhos
Um rancho
Luar
Violão.
Peixinho
Morava só
Uma sanga
Corria em belos campos
Todos a ela vinham
Saciar os seus encantos.
.
Não tinha nenhum amigo
Até que conheceu
Peixinho lá de longe
Que aqui se perdeu
.
Socorro bradou pequeno
Quero voltar, por favor.
Deixou naquela lagoa
Seu belo e grande amor.
.
Sabiamente conduzido
Escutou daquelas águas
Semeie este que corre
Procure uma nova amada
.
Pai do céu não é padrasto
Apareceu por ali
Linda meiga e charmosa
A docinho lambari.
.
Veio com enxurrada
Outro amor também deixou
Mágoas de dois peixinhos
Ao mar algum rio levou.
.
Agora sanga faceira
Lotada de lambaris
Aprenderam nas cacimbas
Amar, um amor partir.
Esperar Cobrador
Esperar tanto tempo
Lavar suas contas olhar
Pesar coisas que o tempo
Cobrou no medo do andar
.
Quando terá sua paz
Refaz planos dia a dia
Certeza dia virá
Descanso muita alegria
.
Tentar medir prejuízos
Chuvas naquele viver
Não saber estar na dança
Pecar sem perceber
.
Roga todo instante
Caminhos ele entender
Humilde mente lhe pede
Somente compreender.
.
Contas já foram pagas
Tudo esta em seu lugar
Permitir que suas mágoas
Virem águas a jorrar
.
Judiado amigo ensinou
Mesmo eu que aprendiz
Viva forte intensamente
Simplesmente ser feliz.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Blecaute

Cade papel
Também lápis
Papel em branco
Alguém.
Velas que iluminam
Bilhete para um bem.

Não sei se chega hoje
Talvez não chegará
Pomba que entregava
Talvez não voltará

Resta só um consolo
Luz venha até mim
Ilumine meus compassos
Me leve em pelo aos campos
Conhecer os meus jardins.
Cuscosso

Entender de solidão
Sina cruel barata
Nó cego causa alvoroço.
Sóga seca passa faca

Quem carne come ligeiro
Sempre cumpre o ditado
Vai roer o velho osso
Cusco solto encerrado.

Troquinha

Silêncio forte oponente
Daqueles que tem saudades
Procurar pelo galpão
Restos de divindades

Casa restou Peão
Resmungos todos capachos
Não duvidem do rosário
Não ter coração de aço.

Trate como seu fosse
Persistindo alma dura
Troque por algodão doce
Coração de rapadura .
Toca Fogo

Atravessar descalços
Incautos maturarão
Lutar pelo ser amado
Insistir nunca diz não

Sobressalto na esquina
Após rua cruzada
Flora flerte na menina
Somente ser desejada.

Sussurrar renda da fina
Costurar você a mim
Ahhh !! Tear seu coração.
Queimar-mos até o fim.














Teus Olhos

Aqueles olhos pequenos
Frutos doces da pitanga
Um dia o vento trouxe
Tramela nunca foi tranca
Semeara alegria
Forte abraço ventania
Naquele que algo encanta.

Raízes foram formando
Frondosa copa ardor
Fogo nunca foi a dor
Rara seiva esperança
Labaredas devoravam
Entorno de uma dança
Estas almas furtivas
Doces, belas e brandas.
Letal esta arma branca
Profundo talho de amor

Ora esta juventude
Coração nunca semente
Somente seus argumentos
Compreender o penar
Correr brincar gritar
Velho guri ficar
Serelepe por aí
Isto carrego no olhar

Agora teus olhos passam
Meus olhos sempre a lembrar
Todo aquele encanto
Um dia o vento levar
Se chover três dias fortes
Minuano vai chegar
Talvez por amor tão grande
Pingou suas magoas constantes
Partiu, profundo amar.


Neste dias de passagens
não esquecemos direito
desejamos a você
chegue sempre com os ventos
aqueles sonhos perdidos
procurado nos mascados
que tenha sempre do lado
estes poemas compreendidos
não por ser mais um amigo
ser um sonho, ser latente
nunca desistir desta gente
que tem coração antigo.