Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Atados


Guasqueiro que trança vida

Cincha veia de pescoço

Forceja feito uma junta

Boi Pitanga e Caroço



De que valia na vida

Tantos nós a desatar

Já sabemos o remédio

Devemos sempre andar



Pé direito só funciona

Se esquerdo acompanhar

Levar as coisas mais leves

Melhor maneira de amar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Paisagens do Rio Grande

 Quando meus lábios murmuram
acariciando o versejo
sinto apontar um desejo
na volta do pensamento
não sou cantor de talento
mas quando penso e cantando
as rimas me vão clareando
como a luz do firmamento

Sou um cantor missioneiro
conservo a fidelidade
aluno na faculdade
de Hernandes meu monumento
aconselha este talento
aos filhos que vão cantar
o poeta deve primar
por versos de fundamento

Canto a manhã,canto a tarde
canto a noite, a madrugada
canto a terra mais sagrada
porque o cantar me extasia
canto a várzea na harmonia
de um silencio sublimado
vivo sempre perturbado
no perfume da poesia

Sou humilde apaixonado
da eterna natureza
e curvo-me a realeza
por conceder-me um consolo
pois este mundo é um monjolo
acariciando as imagens
soltando o pó nas paisagens
do continente crioulo

Afirmo que o grande mestre
num aceno com seu manto
fez do Rio grande um encanto
e a criação deu a aula
e o próprio estrangeiro maula
vai encantar seus turismos
nos pitorescos abismos
de São Francisco de Paula

O pintor deste cenário
com maestria imagina
só pode ser mão divina
dando um retoque diverso
e o demais canto em meu verso
por este amor que é tão grande
pois os campos do Rio Grande
são os jardins do Universo

Quando pintaram meus pagos
verteram lindas lagoas
brotavam como coroas
mais doces que o próprio mel
algum santo no painel
depois de tais formosuras
deu sumiço nas pinturas
jogando fora o pincel

Enfeitam nossas paisagens
garças brancas sonolentas
todas as sangas são bentas
com maravilhas disertas
mundo aparte sem profetas
Rio Grande culto e agreste
é o mesmo reino celeste
mas os santos são os poetas

Cindinho Medeiros ( In Memorian )

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Afagos






Afagos que me acalmam


Suaves mãos seda vinho


Candeeiros que incendeiam


Escurecer em meu ninho






Tão leve tuas caricias


Delicias provocam sim


Remôo corpo aflito


Querendo tudo em mim.






No frigir desta entrega


Sorvo lábios com veneno


A cura destas mordidas


Deleite junto ao sereno






Carece sempre ao peão


Na volta destas tropeadas


O carinho de um lar


Doçuras de uma amada.

Olhos

Teu olhar
Cigana estrada
Não para de balançar
Cincerros dentro do peito
Lembrando águas do mar.

Fugindo a tua mira
Solito fico a pensar
Tendo você em meus braços
Teus olhos pode fechar.

Nunca perdi o teu rumo
Migalhas tive de achar
Encontrei teu novo rastro
Cílios sempre a marcar
Argumentei o que faço
Vitória que não desfaço
Somente por te amar.



Fazenda Figueira

Na fazenda da Figueira
Viviam sempre faceiras
Clarinha com mechas curtas
Cabelos longos Morena

Difícil imaginar
Amor com ar alçapão
Duas apaixonadas
Pelo taura do rincão

Ele sempre violeiro
Não faltava na guaiaca
Famoso pelas festanças
Bailes, outras fuzarcas

Carreira já estava atada
Partilhar o mesmo prato
Taura sempre que ia
Duas iam ao quarto

Sôfregos em disparada
Suavam correndo rios
Naqueles campos gelados
Além do frio nenhum pio

O canário acordou
Voltaram a realidade
Começava a partilha
Repartir a tal saudade

Após tantas primaveras
Corriam pelas vertentes
Menino claro encantado
Chinoquinha lindamente

Apartado deste sonho
Lembravam ser altaneiro
Quem cuidou foi duas mães
Quem partiu nunca inteiro.

Caborteira esta vida
Degustar mesmo fervor
Talvez o sonho conceba
Repartir o mesmo amor