Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010


QueroÁgua

Madrugada muita fria
Sementeira de ilusões
Brotam todos corações
Regando raiz com suor
Sermos dois dentro de nós
Certeiro tiro no bojo
Se alguém voltear no povo
Beba uma canha por nós.

Lareira incandescente
Pelegos extraviados
Cheirando a pele e cravo
Vertente doce dos lábios
Descobrir não ter estragos
Mastigar uma escultura
Ir ao mato de armadura
Preciso for ser escravo

Olhos contemplam um teto
Rancho odores de flores
Quantos daqueles amores
Sovaram a mescla do pago
Sentenciam com afagos
Manhã sua doce rotina
Mandar crias na cacimba
Quarto todo perfumado

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010



Um naco do paraíso-sítio Água Doce-Santo Ângelo Rs




Seu Rumo







Manduca estava certo


Justificado nos atos


Nunca mostrou cansaço


Nesta árdua tropeada


Rumando em longa estrada


Seu rumo sempre altaneiro


Para que ser um primeiro


Vamos juntos na jornada






Sestroso por ser cozido


Ponteava tropa por cima


Rumores remexem crinas


Prenuncio de temporal


Bradava um vendaval


Tempestades são da gente


Enfrentar tudo de frente


Guerreiros isto é normal






Vezes ligeiro outros calmo


Anjos cavalgam na frente


Santos todos lhe garantem


Seguir seu rumo formal


Não cobrar tanto com sal


Ser caminho mais sensato


Pertences não são baratos


Adoça a canha com mel






O campo clareou na calma


Sol que espia lá no fundo


Proseando em novo mundo


Tocar tropa no esmero


Certeza ser Missioneiro


Preciso for com espada


Cuidar bem da invernada


Primavera ano inteiro.






Fica o traço aos filhos


Conduta sempre afiada


Semear pessoas amadas


Acolher ano inteiro


Seu rumo livre certeiro


Não importando temores


Apenas somos senhores


Destes sonhos verdadeiros
Quarto de Meninas I I I







Entardeceu na estância


Ânsia em sol baixar


Desejos a realizar


Noite inebriante


Mulheres que ofegantes


Arranhavam as paredes


Caraguatá não chegava


Sacrifício a protelar






Luz do candeeiro acesa


Relva exalando rosas


Lala sempre fogosa


Queria já sua porção


Lele impediu com a mão


Lili completou conversa


Somos quatro com carência


Não requer pressa então






Alarde do cusco coxo


Homem dentro do rancho


Meninas lábios pintados


Beijaram Caraguatá


Lili puxou vem pra cá


Lele agarrou com jeito


Lala como quem dançava


Tirou as roupas do piá.






Tacho de ferro em brasa


Misturas de alquimias


Ferventes estas gurias


Interagir quatro vidas


Luxurias sem recaídas


Entrelaçados no ardor


Manjar a todos sem dor


Fortes achando saídas.






Campo cala amor em fúria


Não escutavam um pio


Sentiam os arrepios


Brotavam pelos pescoços


Um fogo cheio e tosco


Pau Ferro abastecia


Naquelas noites tão frias


Amantes aquecem o frio






Lele virou em doçuras


Suas salinas findaram


Camareiras arrumaram


Quarto vermelho em flor


Não queria seu amar


Singrar mares distantes


Sabe que amores adiante


Jamais iram se igualar






Lili belo estuário


Licor de fruta madura


Sua estrutura dura


Não permite partilhar


Quer pra si somente amar


Não vive da água alheia


Manear-se em uma teia


Algo dela a tear.






Lala anjo em terra


Vertente toda carinho


Alma pura sangue nobre


Disfarçada na candura


Possui a tal alma pura


Digna de ser parceira


Muito mais que altaneira


Abre picadas em espinhos






Três mulheres estonteantes


Caraguatá que afirma


Coração grande ensina


Amar com sensatez


Vamos carnear uma rês


Assamos um bom churrasco


Amanha eu me refaço


Começo tudo outra vez.



          Quarto de Meninas....I I










Domingo fluiu bacana
LALA voando tranças
A primeira tinha dança
Escola lá nas taquaras
Esbravejar tudo as favas
Desconsolo com clamor
Sabia aquele calor
Na volta em sua cama
Caraguatá outras damas
Fervente caso de amor.







LELE era das águas
Na sombra ia ao fundo
Voltava em um segundo
Olhando, onde estas?
Queria caraguatá
Esquentar o corpo fresco
Contornar todo afresco
Torrar a alma de amar




LILI mui matreira
Fazia de “ faz de conta “
Enredava borboletas
Fingindo ir passear
Sua ânsia de pecar
Unhas todas afiadas
Demarcar pele bronzeada
Encantar Caraguatá.




A noite se aproxima
Magia com seus encantos
Todo aquele recanto
Impregnado de flores
Três amigas, muitos ardores
Regada a vinho latente
Deixarão de ser carentes
Partilha de quatro amores.