Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

sexta-feira, 5 de março de 2010

 Liberdades Que Voam


Sestroso nasceu o dia
Rumores de movimentos
Querer tirar liberdades
Potro criado igual vento

Mangueira toda encilhada
Se boleou corcel bem perto
Perder na fúria um guapo
Só crinas em céu aberto

Não há moirões que escapem
Riscando patas no espaço
Gaudério voando em lombos
Seguro de seus guascaços

Animal xucro a contento
Vivendo junto a baguais
Pradarias campos livres
Vigília de ancestrais

Liberdade nesta vida
Tentarão queixo quebrado
Lutar no cabo da adaga
E se morrer lado a lado.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Atestado

Tapeei chapéu que atesta
Meu nome é documento
Cavalgo sabendo trilhas
Não dou repuxo ao tempo
Liberdades esquecidas
Chacina foi consumada
Não se esquece covardia
Ruínas ficou cravada

Minha razão nesta vida
Posiciona-me na lida
Basta ser um missioneiro
Pra ser alguém nesta vida
O que gorjeio no peito
É fruto de um legado
Os que apartam lembranças
Certeza serão maneados

A lua me acompanha
Na certa olhos prateados
Iluminando a querência
Estrada rancho alumiado
Chapéu tapeado no tranco
Mapeando no tato estrelas
Sempre me achego pro pago
Buscando alguém que me queira.

Vai meu alazão correndo
Empoeirando coxilhas
Saudades de uma dona
Com chitas sempre floridas
Farturas me abastecem
Neste andar firme e forte
Nenhum gaúcho perece
Lutando de sul a norte.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fervura

A noite vem se chegando
Reponta luzes do dia
Fecundando a certeza
De vida nas sesmarias

Amansa afagos a chuva
Com cheiro terra e canela
Adormece meu Rio Grande
Quero-quero na cancela

Poeira formou o barro
Fincado junto a tapera
O pago chuleia ventos
Nunca refuga a guerra

Todos por perto de casa
Viola muita alegria
O lençol é o sereno
Foi descansar ventania


Quando água ainda fria
Forcejam os elementos
Com doçuras da Maria
Chaleira ferve no tempo
A quentura de seus lábios
Missioneiro aquecido
Suspirando madrugadas
Um coração teu abrigo.