Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


Sítio Água Doce - Santo Ângelo Rs

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

BeLisCa

No trote deste alforje

Levando amores versejos

De arrasto vão os desejos

Cadeados em algum peito

Indagar por não ter feito

São tantas explicações

Uma delas tão bandida

Afogamos emoções



Arrepender-se na estrada

Quem não possui estes fardos

Dia e noite em compassos

Explicando os sofrimentos

Segredo é não ter lamentos

Perdoar ser perdoado

Somente assim há amor

Compreendendo sentimentos



De que adianta diploma

Entender todos aflitos

Coração clama abrigo

Calcinado na saudade

Não existe faculdade

Para explicar a dor

Devemos ser todo amor

Carinho e fraternidade





Entender mal entendido

Rogamos na oração

No cepo em algum galpão

Mascamos nossas verdades

Desgarrar das falsidades

Enfrentar somos valentes

Apenas um ser contente

Amar em todas idades.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Enseadas

Quando aportar ansiado
Carente de tais reparos
perceber nesta enseada
Recompor ser naufragado
porões todos manchados
a dor de algum negreiro
só tinha um passageiro
restos trancafiados

Sentir a brisa no rosto
sereno que vem de longe
orquestrado por um monge
aquele que a  nós conduz
retira peso do andor
tempestade é de carinho
acalma mares revoltos
fecundando a bela flor.




Calçando a terra firme
receber força no abraço
amparado pela prenda
sentenciado a acolhida
dividir esta oferenda
repartir com Iemanjá
eu voltando para os pagos
ela cuidar todos no mar

Pulei no lombo do pingo
planícies montes eu vi
andei muito insisti
chegar logo em meu rancho
hoje lhes garanto
meu oceano é verde
enfrento todos os mares
qualquer um cruzo por ti.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Rio Uruguai

Uruguai, cancha das águas
Entre Argentina e Brasil
Num disparadão sutil
lembra o velho Boitatá
onde os do lado de lá
conservam magoas oriundas
porque as águas mais profundas
pendem pró lado de cá

Existem lagos nos contos
amores com adultério
mas não concentram mistério
no seu romance de artista
este sangão nativista
o único idioma que fala
é o turumbamba de bala
do velho contrabandista

Faz estropícios no mapa
com sua menção freqüente
é só não tem descendente
é crioulo do luar
tem um corpo sabe amar
tem sofrimento e consolo
e o Piratini crioulo
é seu vazo capilar

Uruguai das ilhas grandes
farol mudo do balseiro
antigo chão brasileiro
que dantes dera bochinchos
mui quebrador de corinchos
não é como as praias belas
em vez de lindas donzelas
tem rebanhos de capinchos

Águas claras quando calmas
barrentas quando agitadas
solução nas enxurradas
dores das almas pagãs
volta a vida nas manhãs
as cachoeiras vão cantando
e os dourados patrulhando
cardumes de grumatãs

Uruguai das barras tristes
que o nambu vive cantando
e o barco do contrabando
corta o rio calmo e parelho
não foi falta de conselho
e um tiro acorda o espaço
e o gaúcho de um balaço
pinta as águas de vermelho

A noite cruza e clareia
e o taura não aparece
e novamente anoitece
a costa torna um pavor
o bugiu compreende a dor
decerto ao homem venera
um rancho ficou tapera
e uma china sem amor

A morte deixa recuerdos
principalmente ao gaúcho
que desenha no cartucho
uma revanche,um desengano
quando encontra o castelhano
no mesmo rio meio afoito
num berro de trinta e oito
la guarda perde um paisano

Mais abaixo vem a ponte
que é o ajoujo da amizade
liga cidade a cidade
a ponte continentina
soltam a mesma resina
e o Uruguai beija os nubentes
ou casal de continentes
Pai BRASIL, mãe ARGENTINA.

Gomercindo Medeiros Filho( Cindinho Medeiros)
 Estância da poesia crioula 1964