Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Chuvisco


                                                            Chuvisco

                                                    O tempo chora lá fora
                                                    Desafora com os ventos
                                                    Rio que nada campo afora
                                                    Levando embora lamentos

                                                     A lua agulhou as nuvens
                                                     Tecendo fina neblina
                                                     Acalmando tempestades
                                                     Que gotejam por ser sina.

                                                                                       Pio Medeiros

quarta-feira, 15 de junho de 2011






Em tempos


Flores todas murcharam
Já passou a primavera
Uma sacada florida  
O que restou só tapera


Vento que refrescava
Sol que corpo aqueceu
Jaz um vulto pelo campo
Aurora mansa choveu


O silencio é tortura
Medieval os temores
Emoção que sepultada
Só por morrer de amores


Procurar achar algoz
Tamanha desilusão
Amor carrasco bandido
Decepa um só coração.

quarta-feira, 1 de junho de 2011


Luz

Meu sangue cruzou os mares
Na veia de remadores
Esforço tão nobre povo
Pedaço de mim Açores.


Partidas deixam sementes
Saudade gerando dores
Açoita alma nas rochas
Em terra tantos amores.

Travessia foi forjando
Praias matas com suas flores
Uma guerra esta sina
Ser de nós nossos senhores.

Estancia pago de estrelas
Claridade nos conduz
Nesta pátria e além mar
Partilhamos a mesma Luz.



Arredia Estrada

Vou embora pelos versos
não temo arredia estrada
tempestades já passaram
dia, noite e madrugadas
Sentenciado pelos panos
doce fél mancha sobrou
amargo desta partida
sorvo a farpa que sobrou.

São caminhos mal domados
sem carinho na partida
Deus permita cicatriz
pano que tapa ferida
Voa canto encantado
teu rumo é o paraiso
cantando busco meu ciclo
quem amou cade juizo

Um dia volto no passo
devagar sem divagar
lembrando de uma terra
que eu brotei e é meu lar
oração ao Pai pertence
só me entrego a ilusão
um desfecho sem abraços
nenhum dos dois tem razão.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Calar

Eu calo, porque calado
Meu remo mais forte fica
Cruzo todos os rios
Namorar moça da chita.

Mais fundo é o meu passo
Espaço não mais comporta
A saudade que carrego
Só Ela abre tuas portas.

Vai canoa, cruza o paço
Carecer domo cometas
Mais cedo chego no rancho
Com promessas que cometa.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sonho Visceral
 

Vou dizer a você
Teu suspiro é tão meloso
apenas perde pro mel
que é a doçura do teu gozo.

 
No fervor deste meu quarto
falta você falta ar
natureza me compreende
padeço se não te amar. 


Dormirei pouco mais cedo
Sinto-me um louco em pedaços
Apenas me foi tirado
Teus carinhos...teus abraços.


Eu não esquento a cabeça
Sei que brinca sem noção
Um dia  você acorda
Querendo meu coração.

sábado, 7 de maio de 2011

Mãe



No altar simples do pago
que as nuvens servem de véu
e tem por teto este céu
na comunhão mais sagrada
os anjos na clarinada
e o vento fazendo a prece
o próprio Deus estremesse
quando a mãe é evocada

Mamãe eu vim de tão longe
acariciar tua imagem
trouxe junto esta homenagem
mas muito mais tu mereces
tens a pureza das preces
que santifica estribilhos
uma mãe é pra cem filhos
mas nenhum a reconhece

Com teu afeto maezinha
e mais a grande ternura
dobras a alma mais dura
que titubeia nos trilhos
por ti umedeço os cílios
mãe de luta tão frequente
mãe que chora pela gente
mãe que morre por seus filhos

Até as feras conhecem
mãe sempre mãe na brandura
nos palácios de fartura
compreenderam o dialeto
eu que moro em pobre teto
humilde mas bem gaúcho
não tem fartura de luxo
mas sim riquezas de afeto

Existe a mãe milhonária
existe a mãe meio a esmo
o coração sempre é o mesmo
quer na alegria ou na dor
eu adoro a bela flôr
ó mãe que no seu deleite
criou-me a tragos de leite
embriagou-me de amor

Mãe do piazinho da estância
mãe da chininha perdida
mãe que atura qualquer vida
nos momentos mais diversos
por isto canto em meus versos
mãe que sorri de alegria
mãe que chora todos os dias
quando nós somos perversos

E a mãe preta que ternura
é meu buque de violetas
eu já mamei na mãe preta
sem preconceitos de cor
sou muito grato ao senhor
por ter-lhe feito a silueta
entre a mãe branca e mãe preta
tenho tesouros de amor

Abenção minha mãezinha
abenção anjo sagrado
esquece em nosso passado
as coisas más que ele encerra
tu que receas a guerra
rainha que nos encanta
vistes do céu sendo santa
pra seres mãe cá na terra.

Cindinho Medeiros

segunda-feira, 28 de março de 2011

Destempero

Forte fogão picumã
Embaça cega no tranco
Chinoca destemperada
Extraviada em cantos


Perdeu rumo das panelas
Queimou a bóia sagrada
Não deu atenção à Santa
Na parede estampada


Virou o coxo dos bichos
Até o prato que comeu
Desdenhou a própria sorte
Amor perdido o seu


Descompasso companheira
Na lida sequer os braços
Nem quando parte querido
Ganha carinho ou abraço


Perdeu se nas invernadas
Balbuciando inverdades
Agora vive solita
Como madrasta a verdade.

domingo, 13 de março de 2011

Germinar

Claro é o que sinto

Vagando em minhas entranhas

O açude se rompeu

Levando a dor e suas manhas

Já que partes sem saber

Espere que amanheça

Talvez no parto da aurora

Alguma semente se aqueça
.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Luz do meu Canto

Canto acalma alma
Acolhe réu sentimento
Suspende penas ferrenhas
...Refresca corpo ao relento

Areja seus arvoredos
Floresce doce pomar
Decerto chinoca em cantos
Embriagou o peão no amar

Encantos resgatam vidas
Forjando rodas nos vincos
Estrelas flertam com a lua
Mesmo sendo amor extinto.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ao Mar

Meu canto possui um rio
Suas águas com clareza
Todas mágoas partem nele
Quando evocamos tristezas

Penso aonde ir parar
Cargas fúteis deste tempo
Sangas que se encontram
Levando embora lamentos

Minha casa é barranqueira
Canoa minha flutuar
Uruguai rio caborteiro
Me leva até o amar

Aonde é o encontro
Doces com sal do mar
Não importa a distância
Quem ama há de encontrar...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Campo Encharcado de Verde



Toda partida precisa

Carece muito de vida

Apagar as amarguras

Que causaram despedidas



Ventos tão diferentes

Todos eles com razão

Veleiro do lastro branco

Jogado na imensidão



Rara sempre a clemência

Engolem mar e vão

Gaivota desatinada

Despedaça coração



Sabedor da calmaria

Carente de água doce

Voltará sempre pra terra

Partilhar coisas que trouxe



Eu que moro na coxilha

Meu telhado é picumã

Espero desde bem cedo

Com a nevoa da manhã.
Abraço na Flor



Não se tem consentimento

Dimensionar carinho

Doce na sua entrega

Amargo quando mesquinho



Claridade estampada

Sorriso uva de cachos

Mergulhar buscando luz

Não tendo você no abraço



Sina dos com saudades

Encontrar o seu sorrir

Colibri despoja mágoas

Sorvendo mel de ti



Brilha sol incandescente

Aquece face gelada

Sacia sede de amores

Meu corpo tua morada.