No altar simples do pago
que as nuvens servem de véu
e tem por teto este céu
na comunhão mais sagrada
os anjos na clarinada
e o vento fazendo a prece
o próprio Deus estremesse
quando a mãe é evocada
Mamãe eu vim de tão longe
acariciar tua imagem
trouxe junto esta homenagem
mas muito mais tu mereces
tens a pureza das preces
que santifica estribilhos
uma mãe é pra cem filhos
mas nenhum a reconhece
Com teu afeto maezinha
e mais a grande ternura
dobras a alma mais dura
que titubeia nos trilhos
por ti umedeço os cílios
mãe de luta tão frequente
mãe que chora pela gente
mãe que morre por seus filhos
Até as feras conhecem
mãe sempre mãe na brandura
nos palácios de fartura
compreenderam o dialeto
eu que moro em pobre teto
humilde mas bem gaúcho
não tem fartura de luxo
mas sim riquezas de afeto
Existe a mãe milhonária
existe a mãe meio a esmo
o coração sempre é o mesmo
quer na alegria ou na dor
eu adoro a bela flôr
ó mãe que no seu deleite
criou-me a tragos de leite
embriagou-me de amor
Mãe do piazinho da estância
mãe da chininha perdida
mãe que atura qualquer vida
nos momentos mais diversos
por isto canto em meus versos
mãe que sorri de alegria
mãe que chora todos os dias
quando nós somos perversos
E a mãe preta que ternura
é meu buque de violetas
eu já mamei na mãe preta
sem preconceitos de cor
sou muito grato ao senhor
por ter-lhe feito a silueta
entre a mãe branca e mãe preta
tenho tesouros de amor
Abenção minha mãezinha
abenção anjo sagrado
esquece em nosso passado
as coisas más que ele encerra
tu que receas a guerra
rainha que nos encanta
vistes do céu sendo santa
pra seres mãe cá na terra.
Cindinho Medeiros