Abuchinchando o ambiente
Entro de canto na sala
Luz de candeeiro exala
Forte perfume das chinas
Me perdi em minha sina
Mal cheguei a balbuciar
Veio moça me agarrar
Dancei xote com a menina
*
Barbaresca esta névoa
Poeiras pitos fumaça
Quem não reza acha graça
Deste mundo escondido
Nos fundos do paraíso
Canto chucro pela noite
Impressão gato no coice
Bandonion com seus gemidos
*
Ponta de dedos viola
Rebuliço era gigante
Pequenos , ate os grandes
Dançando com suas prendas
Ruivas, brancas e morenas
Sonhavam em ombros toscos
Dali saíam no enrosco
Se amoitar pela fazenda
*
Eu que estava fincado
Bolixo bebendo canha
Tentiava tigra bonita
Sorria sem mais ter fim
Percebi um ser jasmim
Balaço em seu olhar
Quando seus cílios baixaram
Cravaram flechas em mim
*
Bela surgiu na cortina
Virei um cusco de arrasto
Faminto terneiro guaxo
O trago era dos fortes
Me segurei, tenho norte
Respirei, contei também
Deixei que aquele feitiço
Me carregasse pro além
*
Se boleou para meu lado
Estremecemos os dois
Não deixamos pra depois
A carreira estava atada
Nossas almas com anseios
Acolhi o corpo frágil
Enquanto seus belos seios
Represavam as vontades
*
Senti maldade bandida
Morena coração judiado
Ela não teve pena
Angustia, pobre de mim
Sabendo sempre do fim
Escreveu um só bilhete
Te vejo em algum baile
Um dia cuidará jasmim.
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