Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

sábado, 7 de novembro de 2009

Abuchinchando


Abuchinchando o ambiente

Entro de canto na sala

Luz de candeeiro exala

Forte perfume das chinas

Me perdi em minha sina

Mal cheguei a balbuciar

Veio moça me agarrar

Dancei xote com a menina

*

Barbaresca esta névoa

Poeiras pitos fumaça

Quem não reza acha graça

Deste mundo escondido

Nos fundos do paraíso

Canto chucro pela noite

Impressão gato no coice

Bandonion com seus gemidos

*

Ponta de dedos viola

Rebuliço era gigante

Pequenos , ate os grandes

Dançando com suas prendas

Ruivas, brancas e morenas

Sonhavam em ombros toscos

Dali saíam no enrosco

Se amoitar pela fazenda

*

Eu que estava fincado

Bolixo bebendo canha

Tentiava tigra bonita

Sorria sem mais ter fim

Percebi um ser jasmim

Balaço em seu olhar

Quando seus cílios baixaram

Cravaram flechas em mim

*

Bela surgiu na cortina

Virei um cusco de arrasto

Faminto terneiro guaxo

O trago era dos fortes

Me segurei, tenho norte

Respirei, contei também

Deixei que aquele feitiço

Me carregasse pro além

*

Se boleou para meu lado

Estremecemos os dois

Não deixamos pra depois

A carreira estava atada

Nossas almas com anseios

Acolhi o corpo frágil

Enquanto seus belos seios

Represavam as vontades

*

Senti maldade bandida

Morena coração judiado

Ela não teve pena

Angustia, pobre de mim

Sabendo sempre do fim

Escreveu um só bilhete

Te vejo em algum baile

Um dia cuidará jasmim.

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