Penas do Pio

Poesia Missioneira

suporte do blog - Ricardo Kraemer Medeiros (Pio)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tapera Morena

Conheci uma morena

Fazenda Figueira Bela

Ficava só na janela

Olhando boiadas passar

Seu semblante, seu olhar

Perdia-se na poeira

Não emitia sorriso

Só tristezas carregar.

...

Seus cabelos refletiam

No breu amando da lua

Nunca fechava seus olhos

Seu medo forte era amar

Passaram mil comitivas

Todas coração judiados

Morena bela da estância

Machado jambo afiado

...

Um dia voltei fazenda

Não vi morena, nem rastros

Aquilo foi um laçasso

Aterrou toda vertente

Rebenque açoitou a mente

Não mentem desejos fartos

Carregamos estes fardos

De não amar tanta gente.

...

Morena foi com vento

Morar em outro lugar

Depois de solto no ar

As trilhas desaparecem

Bilhete roga na prece

Parto com meus lamentos

É o pior dos elementos

Não foi talhado no amar.

...

Hoje contam nos bolichos

Histórias dores constantes

Morena que sofreu dantes

Nunca soube seu amar

O peão que lhe cuidava

Descuidou, deixou secar

Uma semente tão bela

Brotou florestas que há.

...

Tapera beira da mata

Figueira frutos na sombra

Agora vou na memória

Levar a tropa engordar

Lembrar sempre este lugar

Quem esquece, não tem rota

Abrindo fendas nas grotas

Morena semeou seu amar.

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