blog em permanente mudança,como a vida "Meu desejo é que minha pena alivie as suas penas" Pio Medeiros
Penas do Pio
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Pra você que já partiu
Neste dia vi sumir
Dor daquela saudade
Que até hoje eu senti
Desatrelar estes fardos
Soltar amarras do potro
O que não tive contigo
Andar repõem o conforto
Agora nas pradarias
Corro solto com os ventos
Acompanho estas brisas
Todas elas sem lamentos
Convido saiba comigo
Não podemos maltratar
Devolver tudo em dobro
Só não posso mais te amar.
Apalpei hoje as mãos
Logo corri pros dedos
Contagem com aconchego
Desta gente sem igual
Conhecido manancial
Encontramos nos caminhos
Muitos deles são da gema
Tipo de amigo especial
Trocamos experiências
Um dedo apóia o outro
Respeito nunca foi troco
Forma um ser colossal
E não falando por mal
Falsos que me desculpem
Cravem o pé do meu lado
No peito só especial
Companheiros aguerridos
Juventude na fuzarca
Velhos meninos de raça
Nunca deixam o parceiro
Todos eles altaneiros
Areia fina peneira
Não correm e dão abrigo
Gente especial de primeira
Amigos novos, tão belo
Impressão já ter há tempo
Partilhar as alegrias
Sofrimentos e lamentos
Ter certeza que na vida
Tudo é ao natural
Os ruins para outro lado
Comigo só especial
Há os que se disfarçam
Usam pele de lobo
Grande tem até corvos
Olhar baixo denuncia
Conhecer rengo sentado
Cego dormindo e tal
Aprendemos nesta vida
Perceber um especial .
Completei ciclo das mãos
Todos dedos preenchidos
Amigos e mais amigos
Crianças senhoras peões
Possuir um carretão
Recolher todos aflitos
Buscar até no infinito
Retirar do temporal
Tratar sempre com carinho
Quem tem coração especial.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Remoer estas lembranças
Muitos anos se passaram
Ficou no confessionário
Certezas das incertezas
Quando novo a pobreza
Argumentos sem saída
Devemos sempre escutar
Conhecedores da lida
Conselhos de nossos pais
Filho não vá além
Conheça os pergaminhos
Escute quem dá carinho
Depois não se volta mais
Fardos cheios de espinhos
Machucam lombo e ninho
Doloroso até demais
Não é culpa do vivente
Mente era desprovida
Carregar estas feridas
Um penar a toda prova
Até a lua renova
Trocando tudo de novo
Proteger sempre este povo
Das coisas desprevenidas
Queremos nossos rebentos
Apartados da injustiça
Cuidar para quem insista
Não cair em armadilhas
Caminhar em outras trilhas
Picadas sempre abertas
Soltar migalhas na certa
Jamais se perder na ida.
No final do desafio
Teremos a recompensa
Queremos nossa querência
Na paz com tranqüilidade
Quanto a mim sem falsidade
Reservo lá um cantinho
Um lugar muito carinho
Chegarão sempre de viagem
Rasgou água no meio
Minha canoa varou
Levando todo os versos
Uruguai ela cruzou
Remos de puro louro
Silenciam as braçadas
Cruzando este meu rio
Levando poemas a amada
Prata da lua cheia
Reflete os sentimentos
Amores que acompanham
Digladia frente ao vento
Correntes fortes que levam
Pensamentos tento a tento
No fundo águas que são
Sepulturas de lamentos
Como chegar outro lado
Esforço descomunal
Somente amor sincero
Remete ser um final
Alcançando outra margem
Meus dedos irão tocar
Lábios de minha amada
Meus sonhos imaginar
Cheias do rio vazante
Destroem por onde passam
Moradas em frente ao rio
No alto sempre escapam
Aquela bem da barranca
Não conseguem segurar
Águas que levam tudo
Amores dores que há
Meu caíque amarrado
Forte em um sarandi
Não segurou estas mágoas
Como ela viu partir
Enxurrada de amores
Margens que não conheci
Fico eu nestas paragens
Brincar nas águas guri.
Carreta beira da mata
Machados lutam no aço
Peonada se esforça
Colher madeira tão forte
Pau ferro nunca escolhe
Seu destino altaneiro
Ser palanque ser primeiro
Esteio de rancho nobre.
Tuas raízes concordam
Em pedras aqui cravadas
Nos fundos das invernadas
Rala sombra é abrigo
Uruguai também ensina
Tempo de cheias grandes
Partem pedaços do pago
Cercar estâncias distantes
A fazenda te espera
Firmar farpados de guarda
Seis fios entoam espichada
Martelo é teu parceiro
Serrote algoz certeiro
Não poupa o teu destino
Ser forte desde menino
Pelos brétes da mangueira
Infância tu foi gravada
No tronco deste Pau Ferro
Balbuciando Martin Fierro
Lembranças que não esqueço
Se me apartarem tropeço
Sentindo falta do mato
Aprendi ser farquejado
Lutando com ser andejo
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Morava só
Uma sanga
Corria em belos campos
Todos a ela vinham
Saciar os seus encantos.
.
Não tinha nenhum amigo
Até que conheceu
Peixinho lá de longe
Que aqui se perdeu
.
Socorro bradou pequeno
Quero voltar, por favor.
Deixou naquela lagoa
Seu belo e grande amor.
.
Sabiamente conduzido
Escutou daquelas águas
Semeie este que corre
Procure uma nova amada
.
Pai do céu não é padrasto
Apareceu por ali
Linda meiga e charmosa
A docinho lambari.
.
Veio com enxurrada
Outro amor também deixou
Mágoas de dois peixinhos
Ao mar algum rio levou.
.
Agora sanga faceira
Lotada de lambaris
Aprenderam nas cacimbas
Amar, um amor partir.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Teus Olhos
Aqueles olhos pequenos
Frutos doces da pitanga
Um dia o vento trouxe
Tramela nunca foi tranca
Semeara alegria
Forte abraço ventania
Naquele que algo encanta.
Raízes foram formando
Frondosa copa ardor
Fogo nunca foi a dor
Rara seiva esperança
Labaredas devoravam
Entorno de uma dança
Estas almas furtivas
Doces, belas e brandas.
Letal esta arma branca
Profundo talho de amor
Ora esta juventude
Coração nunca semente
Somente seus argumentos
Compreender o penar
Correr brincar gritar
Velho guri ficar
Serelepe por aí
Isto carrego no olhar
Agora teus olhos passam
Meus olhos sempre a lembrar
Todo aquele encanto
Um dia o vento levar
Se chover três dias fortes
Minuano vai chegar
Talvez por amor tão grande
Pingou suas magoas constantes
Partiu, profundo amar.
domingo, 22 de novembro de 2009
Noite de Sol
Chinoca escambo de amoras
Escoltado por roseiras
Doce a qualquer hora
Esculpida na beleza
Em brasa sua pele viva
Abrindo poros desejos
Tranco forte pelas ancas
Vergando a prenda na mesa.
.
Chitas floridas rasgadas
Duas almas junto ao céu
Soluçam favos de mel
Gemendo sombras faceiras
Sentem o calor de fogueira
Por tal fato atrevido
Atentado ao indivíduo
Soltar-se na ribanceira.
.
Pescoço moldado a beijos
Suspiros de ventania
Curvas desta guria
Remetem ao infinito
Pelegos palas aflitos
Vigiados pela lua
Pele nua sempre sua
Forjando um só atrito.
.
Lábios gomos de açúcar
Seios vertentes com sede
Abraços fortes carentes
Aquecem nas madrugadas
Suas melenas encantadas
Tinha impressão um bailar
Em barco indo pro mar
Corredeiras de Mercedes
.
Galos sabiás canários
Despertar em nobre ninho
Anjos espalham carinhos
Limpando trilhas do dia
Gaudério com serventia
Não vive só do amar
Tem que sempre labutar
Rancho espera na alegria.
.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Lábios de Pitanga
Pitangueira estradeira
Impossível segurar
Frutos que dela caem
Novas estradas adoçar
.
Suco que de ti brota
Transformando doces lábios
Não permitindo que o taura
Passe sede em teu costado.
.
Gomos que tu possui
Escondidos de mim
Frestas em galhos fortes
No alto alcanço sim.
.
Sombra fresca retorcida
Saciou um tempo guri
Bodoques tuas forquilhas
Caminhos que eu segui
.
Hoje retorno a querência
Sombreado de pitangueiras
Ainda procuro com alma
Minha doce estradeira.
Extraviados
Na estância apareceu guaxo
Enrolado em uns trapos
Berrava mais que boi sapo
Anunciando o intento
Nasceu com seus lamentos
Abandonado em pelegos
Demonstrou coragem a medo
Bandida atitude andejo.
*
Recolhemos o extraviado
Levamos calor do rancho
Mangerona fogo em canto
Sem encarangar os pelos
Pensar possuir dois selos
Temos tudo nesta vida
Pai e Mãe sem tais feridas
Nascer jogado em barrancos
*
Já dizia santo homem
Pai quem cria nesta vida
Risadas muitas folias
Corria daqui pra lá
Quebrava vidros, sabiás
Bagunçando tudo as favas
Não imperando anarquia
Silencio em casa não dá..
*
Cresceu piá, se fez rapaz
Agarrou rumo do povo
Estudos estão por lá
Saudade é de amargar
Ficamos nós nestes fundos
Aguardamos nos segundos
As voltas que o mundo dá
Ah! que a saudade se vá
Do guri que cruzou mundo.
*
Um dia avistei poeira
Percebi agitação
Coração salta na orelha
Guaxo voltou rincão
Mamar mãe natureza
Que nunca abandonou
Largados pelas porteiras
Que um dia alguém juntou.
*
Apeou forte bonito
Doutor grau ele colou
Anunciava quatro ventos
Reverencia a quem salvou
Comprou fazenda Figueira
Aquele peão o criou
Ficou senhor da estância
Terra que lhe gerou.
Lida
A sombra da noite escura
Reflete o tombo
Meu coração solitário
Sempre se ergueu
Grito do quero-quero
Ouviu-se ao longe
Trazendo as novas penas
Amanheceu
.
Orvalho encharca o pasto
Sacia a sede
Terra geada braba enrijeceu
O coração do gaudério
Tosco e sem rumo
Tentiando aquecer o peito
Amores seus.
.
Amargo sorvido em tragos
Chaleira na brasa chia
chinoca bota café
Pão com mel, muita chimia
Sorriso largo peonada
Traçando rumos do dia
Voltar pro rancho correndo
Somente pra ver Maria
.
No tranco destes meus dias ensolarados
Carrego dentro do peito, minhas verdades
Revisto tropas da vida pelas mangueiras
domingo, 8 de novembro de 2009
Carreteiro de Charque
Amanheceu dia encanto
Passarada destemida
Decerto toque de Midas
Tudo reluz na campanha
Sol que nasce na manhã
Mirando quem vem na frente
Cruzando o dia contente
Pelos campos, pelas sangas.
.
Chaira que escuta forte
Adaga aço tesouras
Cortaram muita lã boa
Seqüência desta tal lida
Hoje assumem destemidas
Profundo corte na carne
Preparo de fartas mantas
Cedo até fim da tarde
.
Gado enfileirado
Carne sempre de primeira
Tendéu não é brincadeira
Estouro desta boiada
Passa a faca, enfia adaga
Sangue sova terra rasa
Lutas de fortes quéras
Bagos sempre na brasa
.
Verga peso do charque
Sal que luta com suor
Enxuga carne de sol
Preparo exímio saber
Sempre vão abastecer
Ganchos pelas paredes
Nacos iguaria cortados
Saciar nossos prazeres.
.
Arroz da casca crioula
Banha algum capincho
Rastros deste instinto
Panela de ferro atrai
Fogo não se distrai
Geme forte até arder
Impressão ele querer
Bailar lá no Sapucai
.
Pão milho da roça
Garapa cana do braço
Cachaça branca laçasso
Acompanham ritual
Não me levando a mal
Sorvia amargo brejeiro
Lembrando amores costeiros
Coração adoçou sal.
.
Completamos nosso rito
Tarde com sono finda
Arvoredos varas finas
Passarada balançava
Gente boa, tudo em casa.
Preparando seus miangues
Amanhã bem cedo partem
Carretas desta charqueada..
sábado, 7 de novembro de 2009
Muralhas Missioneiras
Resquícios de uma muralha
Encontramos nas pastagens
Elas refletem a imagem
Tempos de rejeição
Fortes cravados no chão
Esboçam as amarguras
Erguidas com pedras duras
Alturas da ingratidão.
-
Contam negras histórias
De povo forte e valente
De tanta gente contente
Floresciam pelos pagos
Bebendo trago a trago
Sucos de uma cultura
Veio forte tropas sujas
Dizimar toda uma gente
-
Percebemos nas ruinas
Alicerce de um povo
Retidão em suas formas
Capricho em tudo rima
Rejuntado com a sina
De nunca abandonar
Esta terra tem um dono
Que se chama liberdade.
-
Parado beira da sombra
Amoitado sobre a cerca
Vejo lageado correndo
Fundos de nossos campos
Muralhas e seus encantos
Perpetuaram com gloria
Construtores na memória
Cerca viva pedra encanto
-
Pequena forte altura
Basta ser a divisão
Cheia de musgos então
Floridas em toda parte
Muralhas tu não voltaste
Cercas pedras vastidão
Apenas divida caminhos
Nenhum dele solidão